Nos trópicos a luz do sol incide de forma generosa. Os elementos vazados desenham a sombra nos pisos e paredes, um efeito que transforma todo o ambiente para quem o vê desde o exterior e interior. Durante as estações e ao longo dos dias essa luz natural surge de diferentes formas como um componente que sobrevém na Arquitetura. No decorrer da noite, a luz artificial atravessa os pequenos vãos do interior para o exterior, tornando a arquitetura uma espécie de luminária urbana que interage com as sombras de seus usuários e mobiliário.
Além de sua função, o cobogó traz consigo certa poética ao projeto de arquitetura. Decidimos destacar esta criação brasileira, escrever brevemente sobre sua história e apresentar uma seleção de projetos que adotam este elemento.
Um grupo de engenheiros - o português Amadeu Oliveira Coimbra, o alemão Ernesto August Boeckmann e o brasileiro Antônio de Góis - foram os criadores do “cobogó”, elemento que permite a entrada de luz solar e ventilação natural utilizado nas aberturas de construções.
O cobogó surgiu na década de 1920, em Recife, e teve seu nome oriundo da junção da primeira sílaba dos sobrenomes de seus criadores. São uma herança da cultura árabe, baseado nos muxarabis – construídos em madeira, eram utilizados para fechar parcialmente os ambientes internos.
Apesar de ser criado em Recife, o cobogó foi difundido por Lúcio Costa em referências sutis à arquitetura colonial, tornando-se um elemento compositivo presente na estética da arquitetura moderna brasileira. Apesar da permeabilidade visual, os cobogós, de certa forma, trazem privacidade ao usuário. Feitos de cimento e tijolo no início, passaram a ser produzidos também em cerâmica e outros distintos materiais.
A seguir, veja alguns projetos selecionados que adotam o uso do cobogó:
Clássicos
Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) / Affonso Eduardo Reidy
Parque Eduardo Guinle / Lucio Costa
Pavilhão de Nova York 1939 / Lucio Costa e Oscar Niemeyer
Residência no Morumbi / Oswaldo Bratke
Arquitetura Brasileira
Casa Cobogó / Marcio Kogan
* Neste caso trata-se de um painel inteiro, que não é feito por módulos como são os cobogós tradicionais brasileiros. Este é um dos primeiros resultados obtidos da série de painéis modulares “Continua”, criada por Erwin Hauer e elaborada através de meios digitais, entre eles o software CATIA, desenvolvido pela Gehry Technologies.